Volta e meia sinto-me angustiada, sem explicação. Parece que algo aperta o
meu peito, sinto uma tristeza sem razão só quero ficar sozinha. Nessas alturas
tudo me dá vontade de chorar e irrito-me com mais facilidade.
São testemunhados de pacientes, principalmente mulheres, que têm esta
queixa na consulta. E o quero explicar é o facto de todas me dizerem, que não
há motivo para este estado de espírito, parece um sentimento grande as sem
razão.
Por que será que o nosso psiquismo acha que uma sensação tão forte e
dolorosa como a angústia é injustificada?
Acham que nós poderemos não ter autoridade nos nossos sentimentos? Muitas
pessoas acham que não os podemos controlar. Mas e os pensamentos? Se podemos
controla-los, e estas influenciam os sentimentos, então se calhar também
poderemos controlar os nossos sentimentos e livrar-nos da angustia. Vamos
perceber como.
Por vezes quando nos sentimos tristes no meio do turbilhão de coisas que
temos para fazer, simplesmente desejamos que rapidamente esse sentimento se
afaste. Passamos rapidamente para a tarefa seguinte, sem percebermos a
verdadeira razão por nos sentimos dessa maneira. Algumas vezes esta estratégia
pode comprovar-se eficaz. Mas, se o assunto/situação for realmente pertinente,
a tristeza irá fazer-se sentir novamente, só que agora noutro contexto, sem
causa aparente. Nesse momento, temos mais dificuldade para identificar as
razões, ficamos confusos. À medida que a tristeza se vai instalando, a nossa
atenção vai-se dirigindo para o nosso mal-estar.
Na realidade, a angústia tem sempre uma explicação. O primeiro passo é nos
apercebemos deste sentimento, identificar o grau, grande ou pequeno, e o exato
motivo desta angustia. Para ajudar-lo neste exercício tente localizar os
pensamentos que estavam a ocorrer imediatamente antes de sentir
As rotinas diárias tendem a nos desviar da percepção de nós mesmos, até
mesmo da percepção do nosso corpo. Um sinal evidente disso é que, na maioria
das vezes, nem sequer nos percebemos das mudanças da nossa respiração, que
acompanham mudanças importantes no nosso corpo e também mudanças emocionais.
Preste atenção às mudanças da respiração, aos suspiros, se é uma pessoa que
suspira, por exemplo por que está pensar numa situação que para si foi
stressante, a dica é suspirar não uma mas mais vezes. E o mais importante é ter
consciência do que está a fazer, ao suspirar está a enviar a tensão embora, e
com essa tenção os pensamentos negativos dessa situação, ultrapassando-a.
O processo da análise tem exactamente esse propósito, permitir entrar em
contato com o nosso mundo interior. Mesmo sem estar envolvidos num processo
terapêutico, podemos prestar mais atenção ao que sentimos, às mudanças de humor
e tentar detectar que acontecimentos do dia nos perturbaram emocionalmente.
Para perceber como acontecimentos aparentemente sem importância podem mudar
o nosso estado emocional de forma tão intensa, devemos imaginar o nosso mundo
inconsciente como uma enorme rede de memórias emocionais, ligadas uma à outra.
Todas essas memórias estão associadas a sensações previamente experimentadas,
com um grau variável de intensidade, até chegar às mais intensas, às mais
dolorosas.
O que forma a rede de lembranças emocionais
inconscientes não é um nexo causal. Ou seja, não lembrar-se de um fato porque
ele foi provocado por algo que está presente neste momento na minha vida. O
processo de ligação das memórias inconscientes é meramente associativo. Uma
memória é ligada à outra porque “lembra” uma situação parecida.
Quando algo, aparentemente insignificante, acontece no
nosso dia-a-dia, se a sensação experimentada for parecida com uma série de
lembranças emocionais de nossa rede interna, a rede toda fica ativada e a carga
emocional de toda a rede passa a ser percebida.
Conscientemente, porém, nós percebemos apenas uma
sensação intensa de mal-estar, sem saber de onde ela vem, pois a rede de
lembranças emocionais, no seu conjunto, continua permanecendo inconsciente.
Para descobrir o conteúdo emocional dessa rede, pode levar tempo e um longo
processo de indagação interna, geralmente difícil sem a ajuda de um terapeuta.
Por exemplo: começa o seu dia por levar a sua filha/o à escola mas ela
esqueceu-se de lhe dar um beijinho, como a sensação experimentada tem sido tão
boa, que poderá ativar uma sensação de desproteção, assim, poderá andar todo o
dia mais sensível e divido a isso as relações inter pessoais podem ser
castigadas, chega ao fim do dia com uma grande carga emocional, sem conseguir
perceber porquê.
O medo é o maior parceiro da angústia. O medo, quando exagerado, paralisa-nos
e deixa-nos vulneráveis. O medo tece cuidadosamente as grades imaginárias dessa
gaiola ao nosso redor. Preste atenção... as grades são "imaginárias".
Se permanece angustiado/a por tempo demais, corre o risco de adoecer. A sua
auto estima fica fragilizada, o sistema imunitário enfraquece e surge uma
vulnerabilidade às doenças emocionais e psicossomáticas. Assim, é importante
alertar para verificar o seu estado interior. Não se pode escondes por detrás
dos seus medos. Não se engane dizendo a si mesmo e os outros que está tudo bem,
ou que isto vai passar.
Acima de tudo merece ser feliz, para isso tem que dar uma nova oportunidade
a sí própria, ao dar esta oportunidade irá perceber que a pessoa mais
importante na sua vida é você
De seguida encontra algumas técnicas para o/a ajudar sempre que se sentir
angustiado/a
Técnica para aliviar a angústia
"Feche os olhos por um momento e localize, no seu corpo, o local onde
a angústia se encontra armazenada. É um lugar apertado, dorido, amachucado, tenso
..
Aperceba-se da angústia que está armazenada nesse local como se fosse uma
massa escura...
Para algumas pessoas essa massa pode
se parecer com uma fumaça. Para outras pode parecer sólida como uma rocha. De
qualquer maneira, tendo localizado a angústia no seu corpo, comece e prestar
atenção à sua respiração.
Inspire o ar e imagine uma luz prateada ou dourada muito brilhante a descer
do alto da sua cabeça e a entrar no seu corpo.
Imagine que a cada inspiração leva essa luz brilhante até ao local onde
está a sua angústia. É como se essa luz fosse dissolvendo aquela massa escura.
Ao expirar, deixe que o escuro da angústia saia junto com o ar. Inspire
essa luz brilhante, cintilante, cheia de paz, levando-a até o ponto de angústia
e expire a angústia, fazendo com que a tensão saia. Poderá fazer este exercício
durante 20 minutos até sentir um alívio."
Este exercício tem maior eficácia no consultório pois à medida que o/a
Terapeuta induz com a sua voz o relaxamento ( com musica relaxante de fundo)
o/a paciente acompanha a voz e é conduzida para um bem estar pleno e uma
harmonia satisfatória.
APRESENTO
ALGUMAS MANEIRAS DE EXPERIMENTAR A TRISTEZA NORMAL DE UMA MANEIRA SAUDÁVEL E
PERMITIR QUE ESTA EMOÇÃO SEJA VANTAJOSA NA SUA VIDA:
§
Permita-se estar/ficar
triste. Negar tais sentimentos pode forçá-lo ao recalcamento, fazendo com que numa fase
posterior a sua força se faça sentir provocando mais danos. Chore se sentir
essa necessidade. Provavelmente irá sentir alívio depois de chorar.
§
No caso de se sentir
triste, aceite estar triste durante algumas horas ou um dia que seja. Use a sua tristeza para fazer uma introspeção, decida ficar sozinho, ouvir
música melancólica, e observar os seus pensamentos e sentimentos. Planear um
determinado tempo para expressar a sua infelicidade temporária, pode ajudá-lo a
sair desse estado. Algumas pessoas aproveitam para escrever, pois também faz
bem expressar por escrito o que vai na alma.
§
Pense no contexto em
que emergem esses sentimentos de tristeza. São relacionados com uma perda ou com um
evento infeliz? Geralmente não é tão simples como descobrir a “causa ” da
tristeza, mas talvez seja possível compreender os fatores envolvidos.
§
A tristeza como
resultado de uma mudança. A tristeza pode ser resultado de uma
mudança que você não esperava, ou pode sinalizar a necessidade de uma mudança
na sua vida. A mudança geralmente é stressante, mas é necessário para o nosso
crescimento. Por vezes temos expetativas altas do que nos dá a vida, uma
tendência para controlar todo o que acontece à nossa volta, a atitude de “tudo
o que vem eu recebo com os braço abertos” é uma via para ajudar na felicidade.
Permita-se ser feliz, se não conseguir fazer-se feliz sozinha, peça ajuda.
Artigo escolhido pela Revista Zen Energy para ser publicada na Edição de Janeiro de 2015. Não percam está num enquadramento excelente desta excelente revista.
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