sábado, 29 de novembro de 2014

Angustiada ? Sem causa aparente?

Volta e meia sinto-me angustiada, sem explicação. Parece que algo aperta o meu peito, sinto uma tristeza sem razão só quero ficar sozinha. Nessas alturas tudo me dá vontade de chorar e irrito-me com mais facilidade.


São testemunhados de pacientes, principalmente mulheres, que têm esta queixa na consulta. E o quero explicar é o facto de todas me dizerem, que não há motivo para este estado de espírito, parece um sentimento grande as sem razão.
Por que será que o nosso psiquismo acha que uma sensação tão forte e dolorosa como a angústia é injustificada?
Acham que nós poderemos não ter autoridade nos nossos sentimentos? Muitas pessoas acham que não os podemos controlar. Mas e os pensamentos? Se podemos controla-los, e estas influenciam os sentimentos, então se calhar também poderemos controlar os nossos sentimentos e livrar-nos da angustia. Vamos perceber como.
Por vezes quando nos sentimos tristes no meio do turbilhão de coisas que temos para fazer, simplesmente desejamos que rapidamente esse sentimento se afaste. Passamos rapidamente para a tarefa seguinte, sem percebermos a verdadeira razão por nos sentimos dessa maneira. Algumas vezes esta estratégia pode comprovar-se eficaz. Mas, se o assunto/situação for realmente pertinente, a tristeza irá fazer-se sentir novamente, só que agora noutro contexto, sem causa aparente. Nesse momento, temos mais dificuldade para identificar as razões, ficamos confusos. À medida que a tristeza se vai instalando, a nossa atenção vai-se dirigindo para o nosso mal-estar.
Na realidade, a angústia tem sempre uma explicação. O primeiro passo é nos apercebemos deste sentimento, identificar o grau, grande ou pequeno, e o exato motivo desta angustia. Para ajudar-lo neste exercício tente localizar os pensamentos que estavam a ocorrer imediatamente antes de sentir
As rotinas diárias tendem a nos desviar da percepção de nós mesmos, até mesmo da percepção do nosso corpo. Um sinal evidente disso é que, na maioria das vezes, nem sequer nos percebemos das mudanças da nossa respiração, que acompanham mudanças importantes no nosso corpo e também mudanças emocionais. Preste atenção às mudanças da respiração, aos suspiros, se é uma pessoa que suspira, por exemplo por que está pensar numa situação que para si foi stressante, a dica é suspirar não uma mas mais vezes. E o mais importante é ter consciência do que está a fazer, ao suspirar está a enviar a tensão embora, e com essa tenção os pensamentos negativos dessa situação, ultrapassando-a.
O processo da análise tem exactamente esse propósito, permitir entrar em contato com o nosso mundo interior. Mesmo sem estar envolvidos num processo terapêutico, podemos prestar mais atenção ao que sentimos, às mudanças de humor e tentar detectar que acontecimentos do dia nos perturbaram emocionalmente.
Para perceber como acontecimentos aparentemente sem importância podem mudar o nosso estado emocional de forma tão intensa, devemos imaginar o nosso mundo inconsciente como uma enorme rede de memórias emocionais, ligadas uma à outra. Todas essas memórias estão associadas a sensações previamente experimentadas, com um grau variável de intensidade, até chegar às mais intensas, às mais dolorosas.
O que forma a rede de lembranças emocionais inconscientes não é um nexo causal. Ou seja, não lembrar-se de um fato porque ele foi provocado por algo que está presente neste momento na minha vida. O processo de ligação das memórias inconscientes é meramente associativo. Uma memória é ligada à outra porque “lembra” uma situação parecida.
Quando algo, aparentemente insignificante, acontece no nosso dia-a-dia, se a sensação experimentada for parecida com uma série de lembranças emocionais de nossa rede interna, a rede toda fica ativada e a carga emocional de toda a rede passa a ser percebida.
Conscientemente, porém, nós percebemos apenas uma sensação intensa de mal-estar, sem saber de onde ela vem, pois a rede de lembranças emocionais, no seu conjunto, continua permanecendo inconsciente.
Para descobrir o conteúdo emocional dessa rede, pode levar tempo e um longo processo de indagação interna, geralmente difícil sem a ajuda de um terapeuta. Por exemplo: começa o seu dia por levar a sua filha/o à escola mas ela esqueceu-se de lhe dar um beijinho, como a sensação experimentada tem sido tão boa, que poderá ativar uma sensação de desproteção, assim, poderá andar todo o dia mais sensível e divido a isso as relações inter pessoais podem ser castigadas, chega ao fim do dia com uma grande carga emocional, sem conseguir perceber porquê.
O medo é o maior parceiro da angústia. O medo, quando exagerado, paralisa-nos e deixa-nos vulneráveis. O medo tece cuidadosamente as grades imaginárias dessa gaiola ao nosso redor. Preste atenção... as grades são "imaginárias".
Se permanece angustiado/a por tempo demais, corre o risco de adoecer. A sua auto estima fica fragilizada, o sistema imunitário enfraquece e surge uma vulnerabilidade às doenças emocionais e psicossomáticas. Assim, é importante alertar para verificar o seu estado interior. Não se pode escondes por detrás dos seus medos. Não se engane dizendo a si mesmo e os outros que está tudo bem, ou que isto vai passar.
Acima de tudo merece ser feliz, para isso tem que dar uma nova oportunidade a sí própria, ao dar esta oportunidade irá perceber que a pessoa mais importante na sua vida é você
De seguida encontra algumas técnicas para o/a ajudar sempre que se sentir angustiado/a
Técnica para aliviar a angústia
"Feche os olhos por um momento e localize, no seu corpo, o local onde a angústia se encontra armazenada. É um lugar apertado, dorido, amachucado, tenso ..
Aperceba-se da angústia que está armazenada nesse local como se fosse uma massa escura...
 Para algumas pessoas essa massa pode se parecer com uma fumaça. Para outras pode parecer sólida como uma rocha. De qualquer maneira, tendo localizado a angústia no seu corpo, comece e prestar atenção à sua respiração.
Inspire o ar e imagine uma luz prateada ou dourada muito brilhante a descer do alto da sua cabeça e a entrar no seu corpo.
Imagine que a cada inspiração leva essa luz brilhante até ao local onde está a sua angústia. É como se essa luz fosse dissolvendo aquela massa escura.
Ao expirar, deixe que o escuro da angústia saia junto com o ar. Inspire essa luz brilhante, cintilante, cheia de paz, levando-a até o ponto de angústia e expire a angústia, fazendo com que a tensão saia. Poderá fazer este exercício durante 20 minutos até sentir um alívio."
Este exercício tem maior eficácia no consultório pois à medida que o/a Terapeuta induz com a sua voz o relaxamento ( com musica relaxante de fundo) o/a paciente acompanha a voz e é conduzida para um bem estar pleno e uma harmonia satisfatória.

APRESENTO ALGUMAS MANEIRAS DE EXPERIMENTAR A TRISTEZA NORMAL DE UMA MANEIRA SAUDÁVEL E PERMITIR QUE ESTA EMOÇÃO SEJA VANTAJOSA NA SUA VIDA:
§  Permita-se estar/ficar triste. Negar tais sentimentos pode forçá-lo ao recalcamento, fazendo com que numa fase posterior a sua força se faça sentir provocando mais danos. Chore se sentir essa necessidade. Provavelmente irá sentir alívio depois de chorar.

§  No caso de se sentir triste, aceite estar triste durante algumas horas ou um dia que seja. Use a sua tristeza para fazer uma introspeção, decida ficar sozinho, ouvir música melancólica, e observar os seus pensamentos e sentimentos. Planear um determinado tempo para expressar a sua infelicidade temporária, pode ajudá-lo a sair desse estado. Algumas pessoas aproveitam para escrever, pois também faz bem expressar por escrito o que vai na alma.


§  Pense no contexto em que emergem esses sentimentos de tristeza. São relacionados com uma perda ou com um evento infeliz? Geralmente não é tão simples como descobrir a “causa ” da tristeza, mas talvez seja possível compreender os fatores envolvidos.

§  A tristeza como resultado de uma mudança. A tristeza pode ser resultado de uma mudança que você não esperava, ou pode sinalizar a necessidade de uma mudança na sua vida. A mudança geralmente é stressante, mas é necessário para o nosso crescimento. Por vezes temos expetativas altas do que nos dá a vida, uma tendência para controlar todo o que acontece à nossa volta, a atitude de “tudo o que vem eu recebo com os braço abertos” é uma via para ajudar na felicidade.

Permita-se ser feliz, se não conseguir fazer-se feliz sozinha, peça ajuda.


1 comentário:

  1. Artigo escolhido pela Revista Zen Energy para ser publicada na Edição de Janeiro de 2015. Não percam está num enquadramento excelente desta excelente revista.

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