terça-feira, 25 de novembro de 2014

Diz-me onde doí, eu te direi porquê!

Vivemos tempos tecnológicos, rodeados de maquinetas para a comunicação com tudo e todos. Cada vez mais perto de tudo e cada vez mais longe de todos e principalmente de nós próprios. Cada vez mais próximo das noticias dos outros, mas mais longe daquilo que nos distingue uns dos outros, o ser.
No entanto, o quadro está longe de ser tão idílico quanto esse. Essa comunicação é, de fato, vazia na maioria das vezes e só entretém a sua própria ilusão.
Aprendemos desde cedo a comunicar com o exterior, a estar omnipresente, mas quando temos uma doença, não é no exterior que obtemos a cura.
Sei que é muito difícil estar à janela e ver-se passar na rua, mas não impossível. Neste meu artigo de hoje o convite é esse. Mas ninguém pode querer ver-se passar na rua só estando à janela, teve que antes passar na rua. Ou seja, ninguém pode querer ouvir o que aquela dor lhe está a transmitir se não a tiver.
Para conseguir explicar o porquê da sua dor, da sua doença ou do seu acidente, não poderei limitar-me só ao sintoma, que é a visão mecanicista que tem a medicina. Terei que ter uma visão transversal do ser humano, ele é um todo, e não a soma das partes. Nomeadamente a forma como a pessoa vê o mundo que a rodeia, se apercebe do passado, do futuro e onde ela vive, a percepção que tem dos outros e dela própria.

O que a pessoa guarda na sua memória, da sua infância, e principalmente aquilo que guarda e não consegue recordar-se. O que foi cristalizado e porquê. O porquê sei sim, para a proteger, para poder viver melhor agora, sem tormentas. Mas que peso é que têm esses cristais do inconsciente?

Têm um peso muito grande nas nossas escolhas, pois ponderamos as nossas escolhemos de acordo com o que já vivemos anteriormente. 

A nossa infância, e o que guardamos dela e onde guardamos as recordações têm um impacto grande na nossa saúde ou falta dela.

Este processo poderei tentar explicar-vos como  fenómeno natural da chuva. Antes de tudo, há a presença de uma certa humidade no ar. Essa não é perceptível (sub-consciente) a não ser com a ajuda do psicoterapeuta ou com um auto conhecimento grande. Depois de algum tempo e sob certas condições, (acontecimentos, pensamentos negativos e ruminativos) essa humidade começa-se a  intensificar, condensando-se sob forma de vapor de água. No Céu formam-se as nuvens (ideias, pensamentos, emoções, vontades, intenções etc.) que são perceptíveis, porém ainda pouco consistentes. Algumas dessas nuvens são leves e não apresentam qualquer
risco de tempestade (emoções, pensamentos, intenções negativas). Cabe à pessoa saber separar as nuvens e ver a luz, com a bondade, a generosidade, a gratidão que pode sentir de dentro de si.
Mas como nem sempre é assim, o vapor de água continua a intensificar-se nessas últimas, condensar-se e termina por produzir gotas de água, chuva, e mesmo tempestades. Os aguaceiros caiem no solo, na terra (o nosso corpo), que fica molhado e encharcado dessa água (sensações, tensões, sofrimentos). Quando a tempestade (tensões) é forte, começa a trovejar e, às vezes, os raios caem mesmo (ataque cardíaco, crise de epilepsia, síncope, loucura etc.). 

É infinitamente preferível tentar compreender o sentido daquilo que vivemos, e interromper o processo o chamado tomada de consciência antes de fazê-lo calar-se (medicamentos) ou de tomar como sofrimentos obrigatórios, invencíveis e merecidos sem procurar mais adiante, por medo ou por
necessidade de conforto e de facilidade num determinado instante.

Podemos retomar a minha imagem da chuva para compreender mais facilmente esse processo de libertação para a cura. A chuva molhou a terra, esta última "devolve" a água ao céu ao fazê-la escoar naturalmente nos rios e ribeiros até ao mar. Depois a água evapora-se e transforma-se então em vapor e em humidade do ar. Se, ao contrário, a terra guardar a água (lençol freático
confinado. barragem etc.), os lugares onde ela a aprisiona enchem-se mais a cada chuvada. Após uma tempestade mais forte, que não pode ser absorvida, rebenta o solo por pressão e temos o deslizamento de terra ou a barragem que cede com todos os efeitos devastadores que conhecemos.

Acontece exatamente o mesmo connosco. Se bloquearmos as energias com a poluição interna (emoções, rancores, ressentimentos, raivas etc.), as tensões e os sofrimentos permanecem dentro de nós e produzem um ciclo bumerangue que se auto-alimenta e escurece o nosso quotidiano e reflete-se no corpo físico, mental e espiritual.

Se não bloquearmos essas energias, especialmente se "aceitarmos" a dor (ficar molhado) na sua significação, se a anteciparmos mesmo e evitarmos assim que ela precise que seja produzida, o processo de libertação pode ser desencadeado. Ou seja se não perdoar. 

Mas tal como perdoar é importante a auto consciência de qual a toxina se esconde por trás da dor física, que traumatismos emocionais estão podem estar escondidos, olhar para dentro para saber identificar e saber-se libertar é de extrema importância.

Fazer este trabalho sozinho é difícil, procure um profissional de saúde mental.

Permita-se ser feliz sem tensões, de forma livre e harmoniosa...





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